Uma escritora
é essencialmente uma espiã
Espia a realidade
e a transforma em ficção
Quando poetisa
adquire maior missão
Espia os
sentimentos
Os transforma
no que quiser
Em rima,
em verso
Em sentimento
cantado
Amor falado
Ódio declarado
Escritora vaga por entre as ruas da cidade
Observa o
mundo a sua volta
O olhar o
mendigo deitado
Do garoto
drogado
O motorista
apressado
Alguém a
passar
Os prédios,
as ruas
Os becos
e estátuas
Tudo ganha
um significado diferente
Na mente escritora
Até mesmo
um cachorro dormindo
Torna-se
personagem de suas tramas
Eu sou
essa escritora
Ou pelo
menos, sou uma delas
No meu
caminho
Cada detalhe
ganha um significado diferente
Como escritora,
cometo meus crimes
Grito em
silêncio
Digo o
que a boca insiste em não dizer
Espalho meus
sentimentos
E ainda
tenho a audácia de ao menos tentar
Desvendar
e espalhar os sentimentos alheios
Meus olhos
são cheios de confissões terríveis
As minhas
e as de outros
Os outros
que povoam minha alma
Minha mente
confusa de escritora
Nota: Inspirado na poesia “The
black art” de Anne Sexton